Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Patologia do Estado do Rio de Janeiro

 

30 anos de união dos Trabalhadores de Laboratório


Fundado em 08 de Outubro de 1993, o SINEESPAC-RJ nasceu do desejo dos trabalhadores de possuir um sindicato que colocasse a categoria dos laboratoristas como prioridade máxima.

Não tem sido uma luta fácil. Além da resistência empresarial, que atua para proteger seus lucros, também enfrentamos diversos cenários externos desfavoráveis.

O congelamento da tabela do SUS para análises clínicas, a crise financeira do Estado do Rio de Janeiro, a propagação do modelo de OSS (não seguem a CCT por não se considerarem empresas privadas, mas seus empregados são celetistas e não tem benefícios do poder público), e por fim, a pandemia do Covid-19, que nos colocou na linha de frente de uma batalha onde o próprio poder público, por diversas vezes, agiu com irracionalidade.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, conseguimos manter o movimento vivo até hoje. Temos profundo orgulho de ter trilhado esse caminho ao lado de tantos excepcionais companheiros. Agora, precisamos renovar nossa convicção e manter a luta de pé, pois ainda há muito pelo que brigar.

Um novo piso salarial estadual, vale-refeição em CCT, o PLR em todas as empresas com mais de 100 trabalhadores, são desejos antigos da nossa categoria, que com certeza não cairão do céu. Precisamos aumentar a mobilização da nossa base, lotar as Assembleias, pressionar os empresários e fazer a nossa voz ser ouvida!



Reflexão sobre o nosso Passado, Presente e Futuro


No dia 08 de outubro de 1993, reunidos em assembleia geral realizada no bairro de Alcântara, na cidade de São Gonçalo, os trabalhadores de laboratório deram o primeiro passo para a fundação de um sindicato que colocasse como prioridade a valorização da nossa categoria profissional.

Embora houve vozes que pediram que o nosso sindicato adotasse uma posição mais conflituosa contra os empresários, a maioria defendeu que era possível construir uma boa relação entre os trabalhadores e os laboratórios, desde que também tivéssemos robustez e firmeza para entrar em negociação sem que nos olhassem de cima.

Diversos presidentes já passaram pelo SINEESPAC-RJ, mas em termos gerais, todos adotaram a mesma abordagem defendida pela assembleia de fundação. Sempre demos preferência à busca de uma solução negociada para os conflitos que surgiram.

Na maioria dos casos, essa política deu frutos. Encontrávamos uma certa inflexibilidade dos laboratórios nos primeiros contatos, mas quando percebiam que nossa posição era séria e que havia mobilização dos trabalhadores pela causa, a maior parte dos empresários cediam e vinham até a mesa de negociação.

Nas poucas exceções em que os empregadores adotaram postura insensata, não hesitamos em agir com dureza e lutar contra as atitudes injustas que nos foram impostas. Também por essa razão, sempre demos muita importância a ter um bom Dep. Jurídico atuante.

Nestes últimos 30 anos, tivemos bons e maus momentos. Em nossos primeiros anos, o fator que mais atrapalhou nossas negociações foi o congelamento da tabela do SUS para exames laboratoriais. Outro momento difícil foi a crise financeira do Estado do Rio de Janeiro, que diversas vezes atrasou o pagamento para os laboratórios. Por fim, tivemos a pandemia do Covid-19, que atingiu profundamente a rotina de trabalho e a vida pessoal de todos os trabalhadores do setor de saúde.

Mesmo com percalços ao longo do caminho, temos conseguido avanços em nossas condições de trabalho de forma progressiva e constante. Celebramos nossa primeira Convenção Coletiva de Trabalho em 1996, e de lá para cá temos acumulado diversas conquistas. Listo abaixo as que considero como principais:

Entretanto, hoje a situação está longe do que sonhamos para nossa categoria profissional. Não só por causa das melhorias que faltam a ser conquistadas, como um novo piso salarial estadual e um bom vale-alimentação, mas também no que toca o respeito pelas empresas aos direitos já conquistados. Faça uma reflexão: quantos dos direitos que listei acima são respeitados pelo laboratório onde você trabalha? Acredito que deve haver alguns pontos que você sequer sabia que eram direitos.

Alguns colegas podem apontar o dedo e dizer que isso é falta do sindicato, e não lhes negarei o direito de falar isso, já que ouvir as críticas é um passo indispensável para conseguirmos identificar onde podemos e devemos melhorar. Porém, peço que vocês também considerem o seguinte:


Quantos colegas sindicalizados vocês conhecem na nossa categoria profissional?

Tem se tornado comum para os atuais trabalhadores enxergar o sindicato como um "elemento externo", ou apenas como uma "instituição que presta serviços". Até mesmo quando visitamos os laboratórios para falar cara a cara com os colegas trabalhadores, às vezes somos recebidos com indiferença ou antipatia, pois acham que estamos indo para lhes "perturbar".

Isso é uma grande distorção do que é um sindicato. O real sindicato não é a instituição, não é o edifício da sede, não é a bandeira, não é o diretor sindical, não é o discurso. Tudo isso são elementos que os sindicatos utilizam para lutar pelos interesses da categoria, mas não são sua verdadeira identidade.

Sindicato é um coletivo de trabalhadores organizados. Assim como entendemos que o coletivo de lobo é alcateia, de árvores é floresta, temos de entender que o sindicato só existe de verdade quando os trabalhadores se unem para enfrentar seus problemas comuns.

Quando um sindicato procura uma empresa para apresentar uma demanda, não são as figuras de meia dúzia de representantes sindicais na frente do empresário que o faz dar atenção às nossas reivindicações, mas as das dezenas ou centenas de trabalhadores que se colocam de pé, lado-a-lado, para lhe cobrar.

A mobilização coletiva é a única real força que os trabalhadores possuem, pois é a única arma e escudo capaz de fazer frente à pressão das empresas. A famosa frase "A união faz a força!" não é mero clichê, é a mais pura realidade, que infelizmente está sendo esquecida. A participação e sindicalização dos trabalhadores que ingressaram mais recentemente em nossa categoria profissional está bem aquém do desejado, e hoje é a maior preocupação do sindicato.

Por hora, temos evitado que isso afete nossa capacidade de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Com muito esforço da nossa diretoria e associados, conseguimos conservar direitos e manter os reajustes salariais anuais durante a pandemia, e na última CCT alcançamos um reajuste salarial de 7,5%, retroativo à 01/11/2023, o que representa um aumento real de aproximadamente 3% frente ao INPC do período. A questão que temos é:

Se a participação dos trabalhadores enfraquecer, por quanto tempo conseguiremos preservar as conquistas obtidas até aqui?

O sindicato não é um órgão governamental, é um movimento criado pelos trabalhadores. A estrutura montada para atender e dar suporte aos trabalhadores foi construída pelo esforço coletivo dos próprios trabalhadores, e não é capaz de continuar a existir sem a participação contínua deles.

Demonstrar essa questão aos novos trabalhadores de laboratório, e trazê-los para a mobilização coletiva, é o objetivo que o SINEESPAC-RJ colocou para si neste exercício de 2023/2024, em que está comemorando seu 30º aniversário. Temos firme convicção de que todas as demais melhorias que nossa categoria profissional ainda deseja serão consequência natural da renovação da união dos trabalhadores.

Expresso meu mais sincero obrigado a todos os colegas que lutaram conosco nessa trajetória, e aos que ainda não aderiram ao movimento, convido-os a conhecer o sindicato e o papel que ele ainda tem a cumprir. Os avanços que desejamos não cairão do céu, temos de nos mover e ir buscá-los com nossas próprias pernas e braços!


Niterói/RJ, 09 de Outubro de 2023.

Gisele Rocha de Figueiredo

Presidente do SINEESPAC-RJ